domingo, 27 de janeiro de 2013

Irmã







































Não havia percebido as saudades que tinha da tua gargalhada, até a ouvir de novo.
Isso arrepiou-me, fez-me lembrar de todas as vezes que sorrimos juntas. E só de a lembrar enquanto escrevo, sorriu.

Lembro agora de uma gargalhada em particular:
Estávamos a vestir-nos, depois de um treino. De repente olho para ti, e estavas a falar comigo, com aquele teu ar compenetrado e sereno, enquanto passavas calmamente o desodorizante roll-on na cara.
Dou por mim envolta em recordações e a rir que nem uma perdida

Como eu adoro tudo isto que fomos, tudo isto que somos.
Soubemos mesmo semear esta amizade, não foi?
Esta amizade que muitas vezes apelidavam de “namoro”
Esta amizade que se mantêm inabalável ao fim de quase 20 anos
Este vínculo que nos faz tão semelhantes.
É isto a que chamam de Amor não é?
Pois eu Amo-te de coração.

E porque este dia é teu,
Parabéns minha irmã.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Chovia







































Chovia muito.
Um carro passou por mim. Se não ia a 180 km/h, estava lá perto.
Deixou-me imediatamente a pensar na quantidade de gente inconsciente que por aí anda.

Não mais do que 3 km à frente, fui obrigada a abrandar.
Quando olho? Aí estava ele. Em contra mão. Com a frente desfeita.
Ele e mais quatro carros que fez questão de levar à frente. Igualmente desfeitos.
Nos primeiros segundos só consegui pensar na importância de cada segundo da nossa vida. 
Agradeci pelos 2 minutos que me mantiveram longe de todo aquele cenário desolador.
Depois deixei-me invadir pelas perguntas para as quais tenho tentado encontrar uma resposta:

E se não tivesse acontecido?
Terias crescido?
Terias aprendido alguma lição?

E sabes o que penso? 
Que eu sou como um daqueles quatro carros. 
Que sem que nada o fizesse prever, sem ter como evitar, se vê destruído.

Pudesse o meu coração ter um seguro. Um seguro contra todos os riscos…
Mas nada nem ninguém poderá dar-me um novo. Por isso, saiu disparada do meu próprio corpo. Desesperada. 
Tento apanhar todos os destroços que se espalharam pelo caminho. 
Todos os destroços do meu coração.
Enquanto esta maldita chuva continua a cair sobre mim.

O que se aprende?
Que lição se tira quando se é abalroado pela inconsciência de alguém?
Tu não sentias a chuva que caia sobre ti enquanto caminhavas para mim, meu amor?
Porque me levaste contigo?
(…)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Come Home Little Soul







































Sabes qual foi o problema, meu amor?
Foi ter permitido que tocasses a minha mão.
Foi ter permitido que esses teus olhos sorridentes prendessem os meus. Olhassem bem dentro deles, e me roubassem a alma.

Pois sempre que tento voltar atrás, até antes de nós?
É naquele instante que fico.
Inevitavelmente...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Merde



Quando é que tudo isto vai acabar, diz-me J.?
J: Não vai acabar nunca. Vai doer sempre.
Cala-te J. Ou liga-me. Mas fica em silêncio e deixa-me chorar.
(…)
J: Leonor?
Sim.
J: Nunca te vi tão apaixonada.
(…)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Silenciosa e Controladamente


Tenho o coração em processo de implosão,
Sou castelo de cartas a desmoronar sob o próprio chão.
Silenciosa e controladamente,
Para que ninguém suspeite, jamais!
Sem estilhaços ou danos colaterais.

Silenciosa e controladamente,
Sou ruína coberta de entulho,
Sou escombros.

Silenciosa e controladamente,
Sou tão somente,
Poeira de sonhos…

domingo, 6 de janeiro de 2013

Abracei-te tarde demais...







































Por quantas vezes me lembro daquele menino rebelde. Aquele menino cheio de vida, de olhos brilhantes e sorriso traquina, que mal eu entrava no seu espaço se fazia notar.
Ainda o vejo rodopiar à minha volta vezes sem conta, qual fada Sininho em volta do Peter Pan. A saltar na cama. A chamar o meu nome: “Leonor, Leonor! Olha! Já viste o jogo que eu tenho? Queres jogar comigo?” (e o sorriso aparecia).

Porque te abracei eu tarde demais?

Devia ter-te abraçado logo ali, num dos teus rodopios sobre o meu eixo. 
Devia ter corrido atrás de ti. Ter-te apanhado firme com as minhas mãos, e rodopiado contigo nos meus braços.
Devia ter-te beijado a testa e apertado contra o peito.

Devia ter-te protegido logo ali, de todas as pessoas que mais tarde te negligenciaram;
De todas as que não te souberam amar;
De todas as que te deixaram assim, quebrado…

Meu bem, perdoa-me.
Abracei-te tarde demais. Que parva sou….