quarta-feira, 3 de abril de 2013

O dia em que todas as coisas boas acontecem







































Por vezes dizias-me a medo que talvez nunca nos fossemos conhecer.
Por vezes eu esquecia-me que ainda não te havia conhecido. 
A ti que conhecia de forma tão genuína e transparente. Eu, aquela que te sentia nas palavras.

Por vezes apontavas as minhas faltas. Não os meus defeitos mas as minhas fragilidades. Aquelas de que nunca te havia falado, as que com toda a tua dedicação e amizade me foste descobrindo, por entre lágrimas e gargalhadas, por entre horas, dias, meses e anos.
Quando isso acontecia, eu voltava a esquecer de que nunca havia sentido o teu abraço, de que na realidade nunca te havia conhecido. Mesmo assim, tu conhecias-me como nunca ninguém se havia atrevido a procurar conhecer.

Por vezes também eu tive medo de que aquele dia nunca chegasse. O dia em que todas as coisas boas acontecem. O dia em que vi esse sorriso que há-de morrer comigo. O sorriso que permanece nos meus olhos, de cada vez que os fecho.
Abriste os braços para mim e eu deixei-me cair e sorri com o teu sorriso, de olhos fechados. 
Aí estava eu, no abraço em que me havia imaginado incontáveis vezes. Sem reacção, estática e incrédula. Ainda a suspeitar de um qualquer truque falacioso da minha mente. Mas era quente o teu corpo, e quando me desamarraste do teu abraço e te olhei nos olhos só fui capaz de dizer: “Vamos, vamos, vamos!”. E para onde, perguntavas-me tu. Pois que a mim não me interessava. Que fossemos até ao fim do Mundo se necessário.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Saudade










































O que eu tenho de ti meu amor, é saudade.
Saudade boa, saudade má.
Saudade que me amedronta, saudade que me faz voar.
Saudade que me reconforta, saudade que me faz chorar.
Saudade que me sufoca, saudade que me faz acreditar.
Saudade que me revela o quanto não serei capaz de parar de te amar.

O que eu tenho de ti meu amor, é saudade.
Saudade descontroladamente incontrolável.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O essencial é invisível para os olhos







































Bu: Amanhã vais ter uma surpresa
O quê Bu?
Bu: Isso não posso dizer.
Oh! Mas eu sou como os meninos no Natal. Agora que disseste, vou ficar ansiosa.
Bu: Amanhã vês.

Hoje acordei. Desci as escadas.
Já não há Árvore de Natal nem sapatinho, mas tenho em cima da mesa da sala delicadamente embrulhada uma caixa beje.
Traz à volta um laço de cetim vermelho e grande.
A sala cheira a flores.
Ainda nem cheguei perto o suficiente para lhe tocar e já estou a falar alto.
"Eu não me acredito! A sério que tu existes? És completamente doido, completamente!"
Começo-me a rir, e continuo a falar sozinha enquanto corro para a abrir.
"O que está lá dentro?" - Pergunto-me
O que está lá dentro é Amizade, Carinho, Respeito, Dedicação, Cumplicidade. 
O que está lá dentro é Amor em estado puro. Tão puro e verdadeiro que me reconforta a alma e me deixa um sorriso permanente para o resto do dia.

E eu volto a perguntar-te:
Bu, já leste o Principezinho? A história da raposa?
Percebes agora de que matéria é feita isto que nos une?

Eu e o meu coração gostamos de ti.
Por demais e em estado puro Bu.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Irmã







































Não havia percebido as saudades que tinha da tua gargalhada, até a ouvir de novo.
Isso arrepiou-me, fez-me lembrar de todas as vezes que sorrimos juntas. E só de a lembrar enquanto escrevo, sorriu.

Lembro agora de uma gargalhada em particular:
Estávamos a vestir-nos, depois de um treino. De repente olho para ti, e estavas a falar comigo, com aquele teu ar compenetrado e sereno, enquanto passavas calmamente o desodorizante roll-on na cara.
Dou por mim envolta em recordações e a rir que nem uma perdida

Como eu adoro tudo isto que fomos, tudo isto que somos.
Soubemos mesmo semear esta amizade, não foi?
Esta amizade que muitas vezes apelidavam de “namoro”
Esta amizade que se mantêm inabalável ao fim de quase 20 anos
Este vínculo que nos faz tão semelhantes.
É isto a que chamam de Amor não é?
Pois eu Amo-te de coração.

E porque este dia é teu,
Parabéns minha irmã.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Chovia







































Chovia muito.
Um carro passou por mim. Se não ia a 180 km/h, estava lá perto.
Deixou-me imediatamente a pensar na quantidade de gente inconsciente que por aí anda.

Não mais do que 3 km à frente, fui obrigada a abrandar.
Quando olho? Aí estava ele. Em contra mão. Com a frente desfeita.
Ele e mais quatro carros que fez questão de levar à frente. Igualmente desfeitos.
Nos primeiros segundos só consegui pensar na importância de cada segundo da nossa vida. 
Agradeci pelos 2 minutos que me mantiveram longe de todo aquele cenário desolador.
Depois deixei-me invadir pelas perguntas para as quais tenho tentado encontrar uma resposta:

E se não tivesse acontecido?
Terias crescido?
Terias aprendido alguma lição?

E sabes o que penso? 
Que eu sou como um daqueles quatro carros. 
Que sem que nada o fizesse prever, sem ter como evitar, se vê destruído.

Pudesse o meu coração ter um seguro. Um seguro contra todos os riscos…
Mas nada nem ninguém poderá dar-me um novo. Por isso, saiu disparada do meu próprio corpo. Desesperada. 
Tento apanhar todos os destroços que se espalharam pelo caminho. 
Todos os destroços do meu coração.
Enquanto esta maldita chuva continua a cair sobre mim.

O que se aprende?
Que lição se tira quando se é abalroado pela inconsciência de alguém?
Tu não sentias a chuva que caia sobre ti enquanto caminhavas para mim, meu amor?
Porque me levaste contigo?
(…)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Come Home Little Soul







































Sabes qual foi o problema, meu amor?
Foi ter permitido que tocasses a minha mão.
Foi ter permitido que esses teus olhos sorridentes prendessem os meus. Olhassem bem dentro deles, e me roubassem a alma.

Pois sempre que tento voltar atrás, até antes de nós?
É naquele instante que fico.
Inevitavelmente...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Merde



Quando é que tudo isto vai acabar, diz-me J.?
J: Não vai acabar nunca. Vai doer sempre.
Cala-te J. Ou liga-me. Mas fica em silêncio e deixa-me chorar.
(…)
J: Leonor?
Sim.
J: Nunca te vi tão apaixonada.
(…)