Por vezes dizias-me a medo que talvez nunca nos fossemos
conhecer.
Por vezes eu esquecia-me que ainda não te havia conhecido.
A ti que conhecia de forma tão genuína e transparente. Eu, aquela que te sentia
nas palavras.
Por vezes apontavas as minhas faltas. Não os meus
defeitos mas as minhas fragilidades. Aquelas de que nunca te havia falado, as
que com toda a tua dedicação e amizade me foste descobrindo, por entre lágrimas
e gargalhadas, por entre horas, dias, meses e anos.
Quando isso acontecia, eu voltava a esquecer de que
nunca havia sentido o teu abraço, de que na realidade nunca te havia conhecido.
Mesmo assim, tu conhecias-me como nunca ninguém se havia atrevido a procurar
conhecer.
Por vezes também eu tive medo de que aquele dia nunca
chegasse. O dia em que todas as coisas boas acontecem. O dia em que vi esse
sorriso que há-de morrer comigo. O sorriso que permanece nos meus olhos, de
cada vez que os fecho.
Abriste os braços para mim e eu deixei-me cair e sorri com
o teu sorriso, de olhos fechados.
Aí estava eu, no abraço em que me havia imaginado
incontáveis vezes. Sem reacção, estática e incrédula. Ainda a suspeitar de um
qualquer truque falacioso da minha mente. Mas era quente o teu corpo, e quando
me desamarraste do teu abraço e te olhei nos olhos só fui capaz de dizer: “Vamos,
vamos, vamos!”. E para onde, perguntavas-me tu. Pois que a mim não me
interessava. Que fossemos até ao fim do Mundo se necessário.